Ao passarmos a vista nos jornais de nosso país e de nossa cidade, temos acompanhado, estupefatos, a condição em que nossa juventude se encontra ao enfrentar o tisunami da criminalidade que insiste em lhes perturbar.

São atentados, homicídios, roubos, e a proliferação de uma violência que nos deixa cada dia mais aterrorizados e descrentes do futuro que hoje se faz com relação àqueles que estão, neste momento, na idade mais tenra de suas vidas, época em que os sonhos são permitidos, os amores são mais extravasados e os medos também são percebidos.

Mas o que fazer quando esses sonhos são devastados por uma realidade cruel que bate em suas portas?

Relembrando a esses adolescentes que os mesmos são vítimas de projeto global de exclusão e de discriminação social que os afeta diretamente, direcionando-os muitas vezes para aquilo que não devem ou não poderiam fazer!

O que dizer a essas pessoas quando os mesmos são discriminados não somente pela sua condição social, mas também pela posição demográfica em que vivem ou pela cor de sua pele e seu jeito de viver e agir, fatores que denotam neste país modelos e tipos que são segregados no plano social?

A realidade da juventude de nossas comunidades ou de nossos bairros periféricos sempre foi bem mais complicada que a daqueles que perambulam pelos bairros mais chiques de nossa cidade.

Não estamos falando aqui apenas da estratificação social que nos agride, mas também da falta de oportunidades e de contato com um mundo mais belo, mais pensante e mais cultural. Então nos vem a pergunta: O que fazer para enfrentar esse problema?

É nessa hora que percebemos o papel e a influência que a escola tem na mudança desses padrões, pois através do que aprendemos é que raciocinamos e adotamos um novo modelo de vida e de percepção das coisas; na posse desse mecanismo tão belo e redentor de tantas almas é que conseguimos vislumbrar e enxergar um futuro mais promissor para nossas vidas, nos abstendo da dura dieta da violência e do “dente por dente, olho por olho” tão bem difundidos pelos grupos marginalizados de nosso país.

A escola ocupa o espaço que o crime quer ocupar, os projetos sociais difundidos nela não só podem resgatar aquele se encontra indeciso como também solucionar o problema do vazio que se instala nas mentes daqueles que amanhecem e anoitecem nas esquinas de nossas comunidades sem ter o que fazer ou mesmo o que pensar.

Nós, professores, sabemos que nesse momento nosso papel se torna mais delicado, pois se não bastasse a violência doméstica, tão presente em nossas comunidades, somos obrigados a conviver num processo de violência urbana que, muitas vezes, como o canto da sereia, arrasta a nossa juventude, lançando o barco de sua vida à deriva no mar.

Sálário digno, condições de trabalho, valorização dos profissionais de educação sempre foram e serão a munição para entrarmos nessa batalha e tirarmos os nossos jovens desse barco da violência que sempre está à deriva.

Não podemos nos eximir de tentar mudar o padrão vibratório de todos os nossos alunos. Até chegarmos a um nível bem melhor de suas consciências. Afinal minha mãe sabiamente já dizia “mente vazia, oficina do diabo”.

Marcos Costaprofessor e diretor do Sindicato APEOC