Paulo, nome fictício de um garoto pobre, mas protagonista de uma situação real, em Abaiara, a 460 quilômetros de Fortaleza, na região Sul do Estado, cursa a 8ª série, mora na zona rural e mal se alimenta em casa para ir à escola pela manhã.

Paulo convive com a subalimentação no local onde estuda. Quando não leva lanche de casa, como acontece na maioria das vezes, também não conta com a merenda escolar na unidade de ensino onde o jovem estuda.

Do lugar onde mora para a Escola, Paulo fazia um percurso acima de oito quilômetros a pé. Paulo está incluído na estatística da própria escola, em que aponta cerca de 20% dos estudantes com o Índice de Massa Corporal (IMC) na linha da desnutrição. O levantamento foi feito com alunos compreendidos na faixa etária de 13 a 17 anos.

Em Abaiara, a idéia partiu do professor de Educação Física, da Escola de Ensino Fundamental e Médio Berlamino Lins de Medeiros, Tonisval Nonato de Sousa. Ele reconhece ser um grande desafio fazer um planejamento de exercícios físicos com crianças e adolescentes mal alimentados. “Temos que adaptar técnicas para a realidade de nosso aluno, mas a adotada não é a mais adequada para um período de crescimento e formação física e intelectual”, disse.

Na verdade, o drama de Paulo e de outros estudantes, com tamanho e peso abaixo da média, poderia ser atenuado caso a escola cumprisse sua parte: oferecer a merenda escolar.

No entanto, onde ele estuda falta merenda desde o início do ano. A explicação é que não houve tempo de fazer a licitação, além da logística precária de envio de alimentos para a zona rural.

Com isso, os vendedores ambulantes entram na escola durante o recreio, para vender guloseimas, como, por exemplo, chilitos, pirulitos e, para uma pequena minoria de consumidores, pão de queijo.

(Matéria do Jornal Diário do Nordeste, de quarta-feira, 15/07,  Repórter Marcus Peixoto).