alunos.fora.de.faixaDados apresentados vão servir para que o processo de matrícula dos próximos anos seja otimizado

Não é de hoje que a educação local precisa melhorar. Mais uma vez o Relatório de Matricula da Rede Estadual de Ensino em Fortaleza no ano de 2010, da Comissão de Defesa do Direito à Educação (formada por organizações da sociedade civil), apresentado ontem, mostra a alunos fora da faixa, carência de professores efetivos, necessidade de melhorias estruturais nas unidades e falta de informações que viabilizem um planejamento para mudar esse quadro.

Segundo o documento, cerca de 30% dos estudantes, entre 15 e 17 anos, ainda estão cursando o Ensino Fundamental, quando já eram para estar no Médio. Do mesmo modo, existe um expressivo percentual de alunos maiores de 18 anos no Ensino Médio, que já deveriam estar com seu diploma.

O documento, entregue ontem à secretária da Educação Básica do Estado, Izolda Cela, foi preparado com base em visitas a 23 equipamentos escolares estaduais, desses, seis eram do ensino profissionalizante. O objetivo foi visualizar as condições de atendimento e buscar melhor identificar os problemas do período de matrícula, em março deste ano.

Foi constatado que há escolas profissionalizantes, do Estado, em que cerca de 90% dos seus professores são temporários, isso acaba prejudicando o ensino dos alunos por causa da rotatividade dos professores. “O número de professores temporários é grande e isso acaba prejudicando bastante os alunos, devido a rotatividade”, afirmou o assessor jurídico do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), Márcio Alan Moreira.

Ele explicou que o ensino é algo muito pessoal entre os estudantes e os seus professores. Pois os mestres sabem os pontos positivos a negativos dos adolescentes. Mas, no caso das escolas estaduais analisadas, onde vários professores são temporários, o ensino acaba se tornando burocrático e sem o aprofundamento necessário.

Registro

Segundo Moreira, será necessário muito trabalho para mudar essa realidade. “É preciso que isso seja corrigido desde do inicio, quando os estudantes entram nas escolas”, frisou.

O assessor jurídico do Cedeca comentou que é importante realizar um registro de pessoas que não conseguiram se matricular nas escolas estaduais, por falta de vagas. Assim será possível saber qual é a real demanda de estudantes. “Com esses dados poderemos nos preparar adequadamente para as próximas matriculas”, disse Moreira.

Ele defende que o processo de matrícula para o próximo ano, nas escolas estaduais, já comece a ser construído.

A assessoria de comunicação da Secretaria da Educação do Estado (Seduc) informou que a secretária vai comentar sobre assunto somente após analisar o relatório.

DESMOTIVADOS
Estudantes acabam optando pela evasão

Os dados apontados pelo relatório mostram que a problemática acerca da qualidade de ensino, na rede pública, vai muito além do preparo dos professores. Juntos, fatores como dificuldade de deslocamento e ausência de equipamentos tornam o ato de aprender – ou mesmo de permanecer na escola – um desafio.

Ao mesmo tempo em que alunos esforçam-se para encontrar vagas em escolas próximas – muitas vezes sem sucesso -, outros estudantes, desmotivados pelas adversidades encontradas dentro e fora das instituições de ensino, optam pela evasão.

Motivos não faltam. Márcio Moreira cita o exemplo de adolescentes da Praia do Futuro que, por conta da falta de vagas em escolas no local, percorrem, a pé, uma distância média de quatro quilômetros até o bairro Cidade 2000. “O aluno já chega desconcentrado na aula. Nos casos em que os estudantes comem apenas na escola, também já chega com fome”, aponta.

Aliada às grandes distâncias, acrescenta Moreira, a própria condição financeira leva muitos desses estudantes, já desestimulados, a dedicar-se integralmente a empregos, abandonando de vez a escola. Dentro destas, afirma, a falta de equipamentos como bibliotecas e laboratórios de informática é mais um fator que impele adolescentes para fora das salas de aula.


Comentário do Sindicato APEOC

O Sindicato-APEOC integra Comissão de Defesa do Direito à Educação e participou da referida reunião com os Diretores, Anizio Melo, Fábio Lopes e Sérgio Bezerra.

Acerca da abusividade da contratação  temporária de professores no Estado e no Município de Fortaleza o Sindicato-APEOC representou contra os respectivos Entes no Ministério Público, tendo sido formalizado procedimento administrativo,  que tramita na Promotoria da Educação (13ª Promotoria Cível de Fortaleza).

Fonte: Diário do Nordeste